​Uma situação internacional confusa
28-07-2017 - 11:05

A Câmara dos Representantes mostrou não confiar em Trump quanto às relações com a Rússia.

Há quem tenha saudades dos tempos da guerra fria. Conheciam-se então os adversários principais – os EUA contra a URSS – e também os secundários, vários deles utilizados por americanos e soviéticos para “guerras por procuração”. O equilíbrio do terror nuclear evitava o confronto directo entre os EUA e a URSS.

Findada a guerra fria, o mundo tornou-se multipolar e as guerras não diminuíram. A situação internacional ficou confusa. E mais confusa ficou com Trump na Casa Branca e as suas estranhas ligações a Putin.

Reparem no seguinte caso. Esta semana, em Washington, a Câmara dos Representantes votou por larga maioria agravar sanções à Rússia, que os serviços secretos americanos não duvidam ter interferido nas eleições presidenciais, para favorecer Trump. E a deliberação assegurou que o Presidente não poderá, excepto em circunstâncias excepcionais, levantar ou aliviar essas sanções.

É uma derrota para Trump e também para Putin. Ficou abalada a autoridade de Trump para lidar directamente com Putin. E a maioria republicana tornou clara a sua desconfiança em relação ao Presidente.

Mas esta votação da Câmara dos Representantes também não agradou à União Europeia. É que algumas das sanções à Rússia poderão inviabilizar projectos europeus, como o previsto “pipeline” para trazer gás russo directamente para a Alemanha, pelo mar Báltico, um projecto que, aliás, desagradava aos países bálticos, membros da UE.

A UE queixa-se que as sanções agora aprovadas na câmara baixa do Congresso de Washington não mereceram quaisquer consultas prévias com os aliados europeus dos EUA – foi uma decisão unilateral. E por isso ameaça com represálias. A UE poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio, que em nos anos 60 congelou os efeitos negativos para a Europa do bloqueio americano a Cuba. Mas eram, então, tempos menos complicados e porventura menos perigosos.