Dez razões que levam o FC Porto a apostar em Sérgio Conceição
08-06-2017 - 16:46
 • José Pedro Pinto , Inês Rocha (vídeo)

Da postura ao coração. Os motivos que terão presidido à escolha de Pinto da Costa para a sucessão de Nuno Espírito Santo.

1. POSTURA AGUERRIDA PARA CONTRARIAR MAU MOMENTO
É, porventura, aquilo de que o FC Porto mais precisa neste momento. E Sérgio Conceição não se esquiva a um "murro" na mesa de vez em quando. Eterno rebelde como jogador, transportou esse traço característico para o banco, não sem por várias vezes ter sido penalizado por isso mesmo. Mas que o "toca a acordar" é imperativo para os lados do Dragão e que Sérgio Conceição pode dar isso mesmo à equipa, lá isso é incontornável.

2. CONHECIMENTO DO FUTEBOL PORTUGUÊS
Como jogador, foi tricampeão pelo FC Porto, conquistou uma Taça de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira. A ausência de títulos como treinador tem de ser devidamente enquadrada, até pelos projectos em que mereceu oportunidade. Mas o oitavo lugar conseguido em 2011/12 aos comandos do Olhanense e a chegada à final da Taça de Portugal aos comandos do Sporting de Braga, em 2015, atestam a evidência de que Sérgio Conceição está perfeitamente identificado com a realidade do futebol nacional e os seus bastidores.

3. PERCEPÇÃO DA CULTURA "À PORTO"
Nuno Espírito Santo também a teria, mas a realidade é que falhou clamorosamente na recuperação de um ADN perdido nos últimos quatro anos. Um filho da casa com convivência com o futebol de topo em Portugal, como jogador, permitiu-lhe aperceber-se da responsabilidade e pressão do que é ser um treinador dito "à Porto".

4. ESTILO DE LIDERANÇA PECULIAR
Foi isso que convenceu os dirigentes de Olhanense, Académica, Sporting de Braga, Vitória de Guimarães e, mais recentemente, Nantes. O estilo por vezes exuberante, irrequieto, inconformado, sem "papas na língua" convenceram agora Pinto da Costa, o presidente mais titulado da história do futebol mundial.

5. APOSTA EM JOVENS
Foi um produto das escolas da Académica, ou não fosse ele natural de Coimbra, mas só ao serviço dos juniores do FC Porto é que somou o seu primeiro título de campeão, em 1992/93. Identificado com a cultura de uma formação que produz constantemente valores aproveitáveis para a equipa principal e, posteriormente, vendáveis, Sérgio Conceição terá ainda em mente a mudança de rumo da "nau" portista: Pinto da Costa quer nomes como Rafa Soares, Fernando Fonseca, Diogo Dalot, Galeno ou Ismael Díaz (estes últimos reforços estrangeiros mas em tenra idade) a ter uma oportunidade real de fazer a diferença no plantel principal.

6. FUTEBOL INTENSO, COM RAÇA E ALMA
Se tudo o mais falhar - qualidade de jogo, dinâmica, espectáculo, golos - de uma coisa os adeptos do FC Porto não se vão queixar: Sérgio Conceição só admite intensidade, raça e alma de vencedor aos seus jogadores, antes da entrada em campo. Veja-se a forma brilhante como o Nantes passou de condenado à descida à Ligue 2 a candidato à Europa. Conceição chegou tarde ao banco dos "canários".

7. DEFESA DO GRUPO
Em momentos de maior aperto, um treinador deve sempre estar do lado do balneário que comanda. Sérgio Conceição não se esconde nas horas negras, "blinda" o balneário e dá o corpo às balas no momento da crítica. A mensagem, junto do grupo, é simplificada e passa de forma fluída e inteligível.

8. DISCURSO FORTE E IMPACTANTE
Não é um orador nato, mas transporta a tal raça de jogador para o momento de falar em público, sobretudo perante os jornalistas. Confrontacional, fracturante, mas, acima de tudo, livre e directo no discurso. Assim é Sérgio Conceição.

9. UM "FILHO DO DRAGÃO" QUE OS ADEPTOS RECORDAM COM SAUDADE
É por esta capacidade de defender a camisola com sangue, suor e lágrimas que os adeptos do FC Porto sempre viveram encantados na "bolha" de emoções que o antigo internacional português colocava em campo, como extremo vertical, de futebol vertiginoso e fácil finalização. E é esse tipo de futebol que a exigente tribuna do Dragão pede ao novo treinador.

10. JUVENTUDE E MARGEM DE PROGRESSÃO
42 anos, títulos no currículo como jogador, futebol de alta rotação e com garantia de entrega total ajudam a explicar o porquê da aposta de Pinto da Costa em Sérgio Conceição. Ligeiramente acima da fasquia dos 40 anos, o presidente vê no seu antigo pupilo uma séria possibilidade de rebater os legados nada famosos de Paulo Fonseca, Lopetegui ou Nuno Espírito Santo. Sempre e quando o projecto seja delineado com um rumo muito específico.