Erdogan e a UE
21-03-2017 - 06:32

A Turquia dificilmente poderá prescindir da contrapartida financeira do acordo com a UE para reter refugiados.

O Presidente da Turquia, Erdogan, não cessa os seus insultos a países europeus que se opõem a que, nos seus territórios, ministros turcos façam campanha eleitoral. Campanha pelo sim no referendo de 16 de Abril, que dará plenos poderes ao Presidente.

Referindo-se à Alemanha, Erdogan classificou de “medidas nazis” essas proibições. E depois de uma manifestação de curdos em Frankfurt acusou a Europa de proteger terroristas.

Estes excessos verbais sugerem que Erdogan quer mesmo cortar com as democracias europeias. E a sua proposta de restabelecer a pena de morte na Turquia, eliminada há anos tendo em vista uma futura adesão à UE, porá definitivamente fim a essa adesão.

Erdogan tem um trunfo na mão: o acordo, firmado há um ano com a UE, para manter na Turquia os refugiados que querem atravessar o Mediterrâneo. Esse acordo reduziu de 50 mil para cerca de 4 mil por mês o número de refugiados partidos da Turquia em direcção à Grécia.

Cerca de três milhões de refugiados permanecem em solo turco – sendo que na Grécia ainda se mantém dezenas de milhares que a UE não conseguiu relocalizar.

Repetem-se as ameaças de Erdogan de cancelar esse acordo, o que teria efeitos catastróficos na Europa. Porque não o fez já? Porque a Turquia, cuja economia atravessa uma fase de crise, recebeu 3 mil milhões de euros da UE para reter os refugiados. E mais deverá receber, se o acordo não colapsar.