Eventual destruição de provas não surpreende Xavier Viegas
02-05-2018 - 12:00
 • André Rodrigues

O coordenador da Comissão Técnica Independente que elaborou o relatório sobre Pedrogão Grande lembra que o documento divulgado em outubro do ano passado "já admitia a existência de dados em falta e outros que careciam de consistência".

O coordenador do relatório independente sobre Pedrogão Grande, Domingos Xavier Viegas, diz não estar surpreendido com a auditoria interna da Proteção Civil que sugere a alegada destruição de documentos relacionados com a operacionalidade dos meios de combate, em particular, nas primeiras horas do incêndio.

O documento, revelado esta quarta-feira pelo jornal "Público", aponta indícios de ocultação de provas documentais do trabalho dos bombeiros e falhas graves de organização.

Para Xavier Viegas, são dados que não constituem novidade. Questionado pela Renascença sobre estas alegadas falhas, o responsável pelo relatório de Pedrógão afirma que o documento divulgado em outubro do ano passado "já admitia a existência de dados em falta e outros que careciam de consistência", pelo que, "a inviolabilidade do sistema pode ser questionada".

O especialista defende, por isso, uma "maior disciplina na preparação destes documentos, de forma a assegurar a sua integridade", a par com uma cultura de auditoria "periódica e independente" ao funcionamento da Proteção Civil.

"Não me parece razoável que seja a própria Proteção Civil a avaliar-se a si própria", critica Xavier Viegas, sugerindo, por outro lado, que a experiência recente com outros incêndios analisados parece confirmar a falta de proteção aos dados operacionais que deveriam estar ao dispor dos peritos.

O responsável pelo relatório da Comissão Técnica Independente diz que "já por três vezes a minha equipa foi chamada para analisar grandes incêndios, e de cada vez que procurávamos documentação, encontrávamos falhas. Acredito que sempre que chamámos a atenção para isso nunca foram implementadas medidas corretivas dessas falhas".

Para Xavier Viegas, "é essa a grande lição que se deve retirar para melhorar as coisas no futuro".