O presidente do PSD, Rui Rio, criticou o aproveitamento por parte de responsáveis políticos dos êxitos do futebol para promoção pessoal, considerando que esse tipo de práticas resulta no ambiente "absolutamente insuportável" que se cria em volta do futebol.
O líder social-democrata apelou a que se faça um "esforço de racionalidade" no que toca ao desporto.
"Quando as pessoas que estão na política e na vida pública aproveitam, muitas vezes, os êxitos do futebol para se promoverem a si próprios, acho que, naturalmente, estão a criar dificuldades a tentar resolver o problema. Resolver o problema é guardar distâncias e, com essa distância guardada, ter a autoridade moral e a autoridade ética para encontrar soluções", defendeu Rui Rio, à entrada para a reunião do Partido Popular Europeu, em Sófia, na Bulgária.
O presidente do PSD ressalvou que falava "dos agentes políticos dos partidos quase todos" e não de alguém em específico, como o primeiro-ministro, António Costa. "Há uma queda natural de quem está na política de se tentar encavalitar nos êxitos futebolísticos. Misturam-se com essa componente extraordinariamente emocional e nada racional, quando nós na política temos de fazer um esforço de racionalidade", reforçou.
O exemplo da Câmara do Porto
Antigamente, "havia uma promiscuidade muito grande" entre política e futebol e Rio lembrou o "exemplo positivo" que deu como presidente da Câmara Municipal do Porto, quando não convidou o FC Porto à varada dos Paços do Conselho, nas nove vezes em que o clube foi campeão nos cerca de 12 anos do seu mandato, promovendo "uma certa separação".
"No início do século 21, admito que o meu exemplo possa ter sido positivo e houve uma certa separação. Tenho notado que, nos últimos anos, tem havido outra vez a tendência dessa ligação e a tentação de ganhar popularidade política à custa do futebol, que eu acho uma coisa perigosíssima. E depois dá nisto", analisou, alertando para uma "escalada" que é "absolutamente insuportável" e perante a qual, se nada for feito, um episódio como o da Academia de Alcochete se repetirá.
Na opinião de Rui Rio, "deve ser debatida, por agentes políticos e desportivos, uma atitude que acabe com" e evite repetição de casos de violência no futebol português, como o que sucedeu na Academia do Sporting, na terça-feira, quando um grupo de 50 adeptos invadiu o recinto e agrediu jogadores e membros da equipa técnica.