Os britânicos vão hoje às urnas em eleições antecipadas. Depois do último ataque terrorista em Londres, houve quem levantasse a hipótese de adiar o acto eleitoral. Mas isso seria dar uma vitória aos terroristas, coisa que os britânicos nunca aceitariam.
Os resultados destas eleições são imprevisíveis. A 18 de Abril Theresa May anunciou eleições antecipadas, que antes havia rejeitado. As sondagens davam-lhe, então, perto de 25 pontos de percentagem de avanço sobre os trabalhistas. O actual líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, situa-se muito à esquerda, já elogiou Fidel Castro e Hugo Chavez, e tem uma agenda socialista assaz antiquada. Por isso a primeira-ministra T. May pensou que poderia ganhar uma grande maioria na Câmara dos Comuns, onde agora só tem mais 17 deputados. Sairia, assim, fortalecida para negociar o “brexit” com a UE.
Mas este cálculo parece ter saído furado a T. May. Também o anterior primeiro-ministro, D. Cameron, se enganou ao convocar um referendo sobre a pertença à UE, que ele e muitos outros pensavam que ditaria a continuidade do Reino Unido na Europa comunitária. Ganhou o “brexit”, como é sabido e Cameron demitiu-se.
Entretanto, a vantagem dos Conservadores sobre os Trabalhistas nas sondagens reduziu-se dramaticamente. O antecipadamente derrotado J. Corbyn tem passado uma imagem de honestidade e simplicidade que lhe atraiu uma inesperada simpatia, sobretudo entre os jovens. Já Theresa May dá a impressão de ser hesitante e insegura – o semanário The Economist a certa altura chamou-lhe “Theresa May be (talvez)”. E, cinco dias depois do ataque terrorista na London Bridge, não ajuda May o facto de, nos seis anos em que foi ministra do Interior, ter reduzido os efectivos policiais. Nem o facto de os três terroristas da London Bridge haverem sido, antes, referenciados e um deles até preso.
Ganhar a eleição de hoje poderá para T. May significar perdê-la, como escreveu Philip Stephens, principal comentador político do Financial Times. Para este jornalista, uma maioria inferior a 50 lugares será um sério desapontamento para T. May. E se a maioria não chegar a 20 porá em causa a capacidade da primeira-ministra liderar a negociação do “brexit”. P. Stephens escreve que só uma maioria superior a 70 lugares será satisfatória para o futuro político imediato de Theresa May. Logo à noite, porventura tarde, saberemos.