Paixão pelas três rodas. Não teve triciclo em criança e hoje tem mais de 600
03-08-2017 - 11:22
 • Olímpia Mairos

O primeiro museu do triciclo fica em Mesão Frio. A colecção possui peças de toda a Europa, da Ásia e Estados Unidos da América, algumas das quais remontam aos inícios do século XIX.

Jorge Rodrigues nunca teve um triciclo e nem sequer sabia que existia tal brinquedo. Só aos 22 anos viu, pela primeira vez, este veículo de três rodas, na feira da Vandoma, no Porto. A paixão começou… Hoje, aos 40 anos, é dono de mais de 600 triciclos.

“Nunca tive nenhum em pequenino, nem na minha freguesia havia. Quando tinha 22 anos encontrei um triciclo, gostei muito e comprei-o. Foi amor à primeira vista”, conta à Renascença.

“Conforme eu ia tendo posses, eu ia comprando, e pensava ‘já que não tive condições em pequenino de os ter, vou começar a ter agora’”. E a aventura começou a ganhar forma.

“Comecei a comprar… Isto é mesmo um vício. Quando aparece uma peça mais bonita, não consigo resistir e só se não puder é que não a adquiro”, confidencia.

Ao longo dos anos, Jorge Rodrigues investiu milhares de euros na aquisição dos veículos, o mais caro dos triciclos custou 12.000 euros. Mas muitas das peças foram trocadas e outras doadas. “Eu falo de coração e as pessoas cedem-me as peças”, conta.

Mas já chegou a trocar “alguns carros antigos por triciclos”. “Tudo o que arranjava juntava, até que cheguei a este ponto, de ter o museu”, diz com uma certa vaidade.

A colecção de Jorge é composta por mais de 600 triciclos, dos mais variados tamanhos e feitios, de metal ou madeira, e conta com peças de toda a Europa, da Ásia e Estados Unidos, algumas das quais remontam a inícios do século XIX.

Para além de triciclos infantis, esta colecção integra outros velocípedes de três rodas de distintas funções, movidos a pedais ou motor, carrinhos a pedal e ainda um número significativo de bicicletas.

Um “negócio de sonho”

Jorge é o mais velho de nove irmãos. Abandonou a escola quando andava no 3º ano, para ajudar a família. Depois de passar por Lisboa e por França, trabalhou na construção e na apanha do morango e, depois, acabou por criar a sua própria empresa de construção civil, hoje com 40 trabalhadores, que lhe permitiu fazer “o negócio de sonho”.

A antiga proprietária da quinta queria fazer obras numa outra propriedade. Jorge queria comprar a quinta onde trabalhou em criança e, por isso, resolveram trocar. O empresário fez as obras e ficou com a propriedade, hoje um verdadeiro empreendimento turístico.

“Há muita maneira de fazermos uma boa obra, se trabalharmos”, afirma o empresário que prefere não revelar os valores do investimento. “É um grande investimento, sim. E tenho tudo para que isto vá para a frente”, vaticina.

Na Quinta de São José, onde se situa o museu do triciclo, há turismo de habitação, matas com mais de 300 anos, quatro quilómetros de rio, moinhos, um restaurante, vinha e olival. “Os turistas que vêm, podem passear à vontade, a pé ou de burro, tomar contacto com a realidade do campo, ver e experimentar como se faz uma horta, usufruir do chilrear dos melros logo pela manhã”, exemplifica.

Peças que contam histórias

Abriu há menos de um ano e os turistas chegam de todo o lado para visitar o Museu. “São nacionais e também estrangeiros, ingleses, alemães, franceses e belgas e ficam encantados”, conta o empresário, natural de Teixeiró, Baião.

O seu maior desejo “é que quem visitar o museu sinta que são peças antigas e bonitas e que são peças que contam histórias”. Peças que, assim se lê no museu, “pretendem transportar o visitante para um universo especial, onde os conteúdos associados ao seu valor histórico e cultural, sejam o ponto de partida para uma experiência singular”.

O espaço está instalado na antiga casa da Quinta de São José, onde Jorge Rodrigues começou a trabalhar aos oito anos, primeiro sazonalmente, na vindima, e mais tarde a tempo inteiro.

O Museu do Triciclo está aberto de terça-feira a domingo, das 10h00 às 18 horas, com interrupção para almoço, das 13h00 às 14h00. Os bilhetes custam entre 3 e 5 euros, com descontos para grupos.

O próximo projecto de Jorge passa por abrir um espaço para mostrar os “33 carros antigos e as quatro charretes” que possui e lançar uma marca de azeite.