Factores de união
21-03-2018 - 06:25

A hostilidade russa e o afastamento dos americanos são motivos para reforçar a integração europeia.

Durante anos, as principais economias desenvolvidas reuniam-se periodicamente para tentarem coordenar as suas políticas. Depois, avisadamente, passaram a incluir também as chamadas economias emergentes. E houve pelo menos uma reunião do G20 que fez história: a que procurou responder à grande recessão provocada pela crise financeira global decorrente do excesso de crédito irresponsável concedido por bancos americanos. Crise a seguir espalhada pelo mundo em pacotes de títulos de qualidade mais do que duvidosa.

Mas com a política isolacionista hoje prosseguida pela maior potência económica mundial, os Estados Unidos, a cooperação económica internacional não só estagnou como está em recuo.

Trump não gosta de grupos multilaterais nem de organizações internacionais. Por isso lança guerras comerciais, convencido de que o défice comercial dos EUA com outro país é uma perda para a economia americana. Uma falácia económica, claro, mas politicamente eficaz em grande parte da opinião pública que apoia Trump.

Não é, assim, de espantar que da reunião do G20 em Buenos Aires não saiam consequências significativas.

Depois da II Guerra Mundial os EUA impulsionaram a integração europeia, nomeadamente com o Plano Marshall, para conter o avanço do comunismo no continente europeu.

Agora, parece ter-se invertido a situação. Os europeus precisam de se unir contra o protecionismo americano e de investir mais na segurança e defesa, pois descansaram demasiado tempo na proteção militar dos EUA.

Com a Rússia a situação é mais de continuidade do que de viragem. A ameaça soviética foi um cimento que uniu os europeus.

Terminada a guerra fria e desvanecidas as ilusões sobre a desejada democratização da Rússia, a agressividade de Putin e os ataques informáticos com origem russa, bem como o assassinato de dissidentes russos no estrangeiro são, de novo, um fator de união na Europa.

O próprio Brexit não impediu a solidariedade da UE com o governo de Theresa May no seu confronto com Moscovo por causa dos assassinatos, ou tentativas de assassinatos, em Londres.