Bloco quer “programa de emergência” da Protecção Civil
24-06-2017 - 19:38

Catarina Martins lembra que o modelo do SIRESP “levantou-nos sempre as maiores dúvidas, pelo modelo financeiro de PPP e pelo tipo de negócio que foi feito, que custou cinco vezes mais do que devia, mas também porque a nível operacional nos parecia que concentrava comunicações a mais, portanto seria um risco”.

A coordenadora do BE quer que a Protecção Civil apresente, até ao fim do mês, um "programa de emergência" que tire "consequências do que correu mal na tragédia de Pedrógão Grande", corrija erros e responda à sua missão no Verão.

Catarina Martins, que hoje apresentou os candidatos do Bloco de Esquerda (BE) aos órgãos autárquicos do Entroncamento (distrito de Santarém) nas eleições de 1 de Outubro, sublinhou que "este é o momento para agir rapidamente, com segurança, com sensatez, apurando o que aconteceu, mas tirando consequências".

A líder bloquista afirmou que "o Verão só está a começar", pelo que a Autoridade Nacional de Protecção Civil "tem que ser capaz", até ao fim deste mês, de apresentar um "programa de emergência", que "tire consequências" e diga ao país "quais são os mecanismos que tem postos em prática para assegurar o seu trabalho, para poder responder ao que for necessário durante o Verão".

Para Catarina Martins, os profissionais são "os primeiros a sofrer imenso com o que aconteceu" e a querer corrigir, pelo que está "certa de que ajudarão a saber o que aconteceu, a apurar responsabilidades e a ter um plano em marcha para fazer com que o que aconteceu não se possa repetir".

Catarina Martins lembrou que, logo após se perceber a dimensão da tragédia do incêndio que deflagrou no passado sábado em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, considerou "impossível achar que tudo tinha corrido bem", pois "tudo indicava que quem estava no terreno não tinha noção da dimensão do que estava a acontecer", até pela forma como as pessoas foram encaminhadas para determinados percursos.

Sublinhando que hoje é público que o sistema de comunicações SIRESP teve "falhas graves durante quatro dias", o BE "mantém a exigência de que todas as perguntas tenham respostas, que sejam apuradas todas as responsabilidades" e que seja responsabilizado quem o deva ser.

Para Catarina Martins, a Rede Nacional de Emergência e Segurança (SIRESP) começou mal de início, ao ser constituída como uma parceria público-privada (PPP) durante o Governo de Santana Lopes, com uma antiga empresa do grupo BPN, e mantida durante o Governo de José Sócrates.

"O modelo do SIRESP levantou-nos sempre as maiores dúvidas, pelo modelo financeiro de PPP e pelo tipo de negócio que foi feito, que custou cinco vezes mais do que devia, mas também porque a nível operacional nos parecia que concentrava comunicações a mais, portanto seria um risco", declarou.

A coordenadora do BE lembrou que está pronto desde 2014 um relatório sobre Protecção Civil e prevenção, aprovado por todos os partidos no Parlamento, "e não foram retiradas as necessárias consequências".

"Precisamos de um sistema de comunicações eficiente, capaz de resistir e, quando alguma coisa corre mal, ter um outro sistema e que seja de responsabilidade integralmente pública, porque este é um serviço por excelência que o Estado tem que ter", acrescentou.

Dois grandes incêndios deflagraram no dia 17 de Junho na região Centro, provocando 64 mortos e mais de 200 feridos, tendo obrigado à mobilização de mais de dois milhares de operacionais.

Estes incêndios, que deflagraram nos concelhos de Pedrógão Grande e Góis, consumiram cerca de 53 mil hectares de floresta e obrigaram à evacuação de dezenas de aldeias.