Passos acusa Costa de não ter "sentido de Estado" no caso de Tancos
25-09-2017 - 08:01

Entrevistado pela Renascença, o líder do PSD garante que as eleições de 1 de Outubro “não servirão para se pôr ao fresco”.

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O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, critica a maneira como o Governo tem respondido ao processo do roubo dos paióis de Tancos e diz que o ministro “sacode as mãos com uma velocidade enorme”.

“O Governo liderou toda esta matéria mal desde o início; esta foi uma das áreas de Estado em que se percebeu que não há sentido de Estado nem na maneira como o Governo se tem pronunciado, como o ministro tem conduzido este processo ou mesmo como o primeiro-ministro tem respondido politicamente perante o país”, afirma à Renascença.

“O que aconteceu é grave, os meses vão-se passando, o ministro desconversa e sacode as mãos com uma velocidade enorme, deu praticamente a entender – depois de ter havido demissões nas Forças Armadas, depois de se ter criado um alarme público justificado com o que se passou – que afinal, se calhar, no limite, por absurdo, nem se tinha passado nada”, critica ainda.

Por tudo isto, o presidente do PSD conclui: “estas são questões sérias que o Governo não tem levado a sério”.

Quanto à actuação do Presidente da República neste caso, Passos Coelho diz acreditar que Marcelo Rebelo de Sousa estará muito atento e “tem uma palavra importante a dizer, na medida em que é o chefe supremo das Forças Armadas”, ainda que tal não signifique que “tenha sempre de andar a fazer alardo público quer das preocupações que tenha quer das orientações ou outros conselhos que possa ao Governo”.

“Não sei o que é que em privado se passa, mas tenho a convicção de que o Presidente da República está tudo menos desatento ao que se passa”, resume.

Questionado sobre a posição do Bloco de Esquerda e do PCP, que na actual campanha pedem mais força para terem mais influência, o líder do maior partido da oposição considera que o secretário-geral do PS, António Costa, terá depois destas eleições a vida que escolheu.

Foi o actual primeiro-ministro quem trouxe para a área da governação os dois partidos mais à esquerda, por isso não pode lamentar-se dessa dependência, considera.

“Não me vou pôr ao fresco”

Passos Coelho garante que fará a leitura nacional dos resultados das autárquicas no dia a seguir às eleições (a próxima segunda-feira) mas, até lá, recusa fazer especulações. Até porque não lhe cabe fazer análise política em público.

“Não sou um analista político. Sou presidente do PSD. E, como presidente do PSD, no dia a seguir às eleições cá estarei a fazer a leitura nacional que entenda dever fazer sobre essa matéria, mas não posso especular. Quem está com responsabilidades de liderança num partido não faz especulações sobre o dia a seguir às eleições”, justifica.

Pedro Passos Coelho assegura que não está agarrado ao poder, mas também diz que não faz depender destas eleições a sua vontade de continuar à frente do partido.

“Claro que se o PSD tiver um mau resultado autárquico é mau para a liderança do PSD. Mas a liderança do PSD não está em jogo com o resultado destas eleições”, destaca.

“As pessoas conhecem-me, sabem e já me ouviram dizer várias vezes que as eleições autárquicas não servirão nem para eu me pôr ao fresco nem para eu fazer provas de vida dentro do PSD. Sou presidente do PSD, quando existirem eleições internas, a seu tempo, me apresentarei a essas eleições – não sou de virar a cara ou de me pôr ao fresco, mas também não estou agarrado a isto a qualquer preço”, garante.

A esse propósito, o líder do maior partido da oposição lembra que “o PSD tem previsto realizar as suas eleições directas e o congresso no início do próximo ano”.

Até final de Novembro, há-de ser convocado um conselho nacional para marcar a data.

Passos sublinha, assim, que não são as autárquicas que vão ditar um novo ciclo político do ponto de vista nacional, uma responsabilidade que está apenas nas mãos do Governo que, no seu entender, tem adaptado as suas políticas à realidade.

Segundo o líder do PSD, o que importa é saber se o executivo vai manter a retórica de que está a fazer um milagre económico ou começar a aplicar verdadeiras reformas.