Descida das notas de matemática? "A culpa é do IAVE e do Ministério da Educação"
12-07-2018 - 16:44

Sociedade Portuguesa de Matemática desdramatiza descida das notas médias do Exame Nacional, mas afirma que a culpa é do IAVE e do Ministério.

Após descida da média das notas dos Exames Nacionais de Matemática, a Renascença esteve à conversa com Jorge Buescu, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, e com Jaime Carvalho e Silva, professor que dirige o grupo responsável pela mudança dos programas da disciplina. Para ambos, o problema está no exame.

"A culpa é do IAVE, do Ministério da Educação e principalmente do secretário de Estado João Costa."

Sociedade Portuguesa de Matemática diz que a descida é "normal e faz parte das flutuações estatísticas" dos resultados, e explica que os alunos, perante um exame "mal estrurado", tiveram um bom desempenho.

Recorde-se que os alunos fizeram um exame híbrido, entre os dois programas, e nós recomentamos exames separados.", e acrescenta: "Tiveram (também) a adversidade de ter um exame mal estruturado"

"Temos que nos recordar, que perante as adversidades todas que tiveram. Estes alunos que concluiram agora o exame, foram, a maioria, foram a primeira geração do novo programa, que sendo bem construido, é mais exigente.

"Não é o programa, é o exame!"

Jaime Carvalho e Silva é professor da Universidade de Coimbra e dirige o grupo de trabalho chamado pelo Governo para fazer alterações ao programa da disciplina de Matemática. É um dos grandes críticos do modelo atual, mas quanto à descida das notas, aponta a culpa ao Exame Nacional. "Não podemos dizer que o programa só por si é responsável por umas classificações ou outras. Não é o programa, é o exame! E o modo como o exame foi elaborado"

"Houve alunos a sair a chorar do exame, e isso é que deixa marcas. Os alunos estudaram, esforçaram-se e foram surpreendidos pelo tipo de prova. Tudo isso era escusado. Inexplicavelmente, o modelo de prova mudou mas o IAVE fez finca-pé e não apresentou prova-modelo, e isso é inadmissível", sublinha o professor.

Na opinião do profissional, o futuro dos alunos está "comprometido", afirmando que "isto entra em contradição com a política governamental de aumentar o numerus clausus em áreas científicas e tecnológicas, que dependem obviamente da matemática"