E se as despesas públicas com refugiados não contassem para o défice?
09-10-2015 - 11:36

António Vitorino e Pedro Santana Lopes discutem temas europeus.

Áustria, Alemanha, Grécia, Itália. Estes são alguns dos países que admitem vir a ter um significativo impacto da crise migratória nas suas contas públicas. O Executivo de Viena veio mesmo sugerir uma excepção para este item na contabilização do défice. A Comissão Europeia está ainda a analisar vários cenários económicos que decorrem desta crise, mas fontes oficiais de Bruxelas citadas pela agência Reuters admitem se excepção num regime caso a caso.

O antigo comissário António Vitorino vem admitindo que os orçamentos nacionais ou o comunitário vão ter abrir ainda mais os cordões à bolsa para lidar com o impacto financeiro da crise dos refugiados. Mas é difícil ainda perceber a real dimensão do problema.

"O número de chegadas continua igual. São milhares por dia. Não sabemos sequer qual é o custo total que isto vai comportar. A ideia é generosa, simpática, ninguém pode estar contra ela. Mas a exequibilidade é baixa", afirma Vitorino no programa "Fora da Caixa" daRenascença.

Já Pedro Santana Lopes fala em "capricho de ricos", pela mera leitura da lista de países que fizeram circular esta ideia. O antigo primeiro-ministro concorda que há ainda uma incerteza grande sobre os montantes envolvidos de responsabilidade de cada país.

" A não que estejamos a falar a prazo, em 15 - 20 anos, da integração total dos refugiados. Mas aí há também a distribuição por cada exercício orçamental. Dá para esgrimir e para pôr num dos pratos da balança em negociações mas não acho que nos leve a algum lado. Não nos leva a lado nenhum", sustenta Santana Lopes no habitual debate de temas europeus da Renascença.

Concretizando no caso alemão, com base em 1, 5 milhões de refugiados esperados no total em 2015, António Vitorino desvaloriza a proposta. " Não creio que seja possível dizer que a Alemanha vai aumentar o défice por causa desse milhão e meio de refugiados. Não creio que isso faça a unanimidade dos estados-membros ou que a solução passe por aí", remata o antigo comissário europeu.