​Taça com contradições
12-10-2017 - 06:17

Pergunta-se, estas equipas agora anfitriãs não têm campos para receber as equipas que lhes couberam em sorte, porque foi dada luz verde à sua inclusão no sorteio?

O Sporting Clube de Portugal dá hoje o pontapé de saída na primeira eliminatória da Taça de Portugal em que entram equipas do escalão principal do nosso futebol.

A deslocação dos leões passará a constituir um marco histórico na vida de Oleiros, uma pequena sede de concelho do interior da Beira Baixa, mais conhecida pela zona do pinhal.

Pinhal que, aliás, foi duramente fustigado pelos recentes incêndios que dizimaram ali uma boa parte da nossa floresta. E aqui começa o primeiro gesto de generosidade dos leões, ao renunciarem à sua parte na receita do desafio para a depositar, por inteiro, nas mãos dos generosos bombeiros locais, sempre dispostos a dar a “vida por vida”.

Aceitar jogar em relvado sintético foi outra das cedências dos lisboetas. Seria, aliás, frustrante que tal não viesse a acontecer, sobretudo para os muitos adeptos do Sporting que assim vão desfrutar da possibilidade de verem de perto algumas das vedetas que apoiam anos a fio.

Ao contrário da sorte que coube a Oleiros, o mesmo não se vai verificar com os adeptos do Lusitano de Évora que vai receber o Futebol Clube do Porto no estádio do Restelo, do Olhanense que defronta o Benfica no estádio Algarve, e do São Martinho que “receberá” o Sporting de Braga em Moreira de Cónegos.

Pergunta-se, estas equipas agora anfitriãs não têm campos para receber as equipas que lhes couberam em sorte, porque foi dada luz verde à sua inclusão no sorteio?

Acaso, se lhes tivessem cabido outros clubes de menor dimensão, esses jogos poder-se-iam realizar?

São estas contradições que não é fácil perceber, sobretudo tendo em conta que a Taça terá de ser sempre a festa do país no seu todo, e não dos privilegiados que parecem sempre destinados a chegar às fases mais adiantadas da competição.