Portugal a caminho das 20 greves só este ano
09-05-2018 - 15:32
 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)

2018 conta apenas 20 semanas mas o número de greves realizadas até agora dá uma média de uma paralisação por semana. A saúde é o setor onde se sentem os maiores impactos, embora não seja o que regista maior número de dias de paragem.

São médicos e enfermeiros. Comboios, metro e professores. E também guardas prisionais.

Tantas profissões e uma palavra em comum: greve.

Desde o início do ano, já se contam cerca de 20 paralisações em Portugal, o que dá praticamente uma greve por semana.

E o setor da saúde é o que mais tem contribuído para este número. Só nas últimas semanas, foi o pessoal administrativo e os auxiliares de ação médica. E a greve acabou por dar frutos, porque o Governo chegou a acordo com estes funcionários para que possam aceder às carreiras, com contabilização do tempo de serviço, e trabalhar 35 horas semanais.

Em março já tinha havido dois dias de greve de enfermeiros. E agora são mais três dias de paralisação dos médicos (hoje é o segundo). E no final deste mês vão ser os técnicos de diagnostico e terapêutica.

Dito isto, a greve é um direito. E todas as reivindicações são legítimas. Se são atendidas por quem decide, isso já é outra conversa.

Mas a verdade é que estes tempos de paragem acabam por ter consequências no funcionamento dos serviços: a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares estima que haja pelo menos 18 mil cirurgias que terão de ser reagendadas, algumas delas para o próximo ano. São cerca de três mil operações adiadas por cada dia de greve.

No espaço de um ano, o número de dias de greve na saúde disparou 70%. 116 mil dias de ausência ao trabalho em 2017 contra 68 mil no ano anterior.

Contudo, a revista Visão refere que a conflitualidade no setor se fez sentir não tanto no número de paralisações, mas sobretudo no impacto que acabou por ter na vida dos utentes. Foi assim no ano passado.

2017 contabilizou mais de 200 greves em vários sectores de atividade. O Diário de Noticias complementa este dado e indica que 2016 é, até esta altura, o ano com menos greves nos últimos 10 anos.

Teve cinco vezes menos paralisações do que 2012, o primeiro ano de governação de Passos Coelho.

Nesse período deram entrada quase 1.900 pré-avisos de greve.