Dificuldades no Brexit
06-12-2017 - 06:23

Aumentam as possibilidades de o Reino Unido sair da UE sem qualquer acordo.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, chegou há dias a Bruxelas mostrando-se confiante quanto à conclusão da primeira fase das negociações do Brexit (o “divórcio” do Reino Unido e da UE), permitindo passar à segunda fase (futura relação entre as duas partes).

De facto, parece ter havido avanços no montante a pagar por Londres, relativo a compromissos anteriormente assumidos, e nos futuros direitos dos cidadãos – dos europeus a viver no Reino Unido e dos britânicos a viver na UE. E Theresa May tinha conseguido um compromisso com o primeiro-ministro da República da Irlanda, que exigia que permanecesse aberta a fronteira de 500 quilómetros do seu país com a Irlanda do Norte (Ulster), parte do Reino Unido.

Só que, quando T. May telefonou de Bruxelas ao líder do partido unionista do Ulster, este rejeitou aquele compromisso. Ora, os conservadores não têm maioria parlamentar absoluta, precisam do apoio dos unionistas para obterem maioria na Câmara dos Comuns.

T. May vai ainda tentar convencer os unionistas a encontrarem uma fórmula que seja aceitável para o primeiro-ministro do governo de Dublin. Mas não é provável que o consiga, pelo menos a tempo de o Conselho Europeu dos próximos dias 14 e 15 considerar fechada a primeira fase das negociações do Brexit.

Os unionistas do Ulster defendem que este território deve sair da UE nas mesmas condições do resto do Reino Unido. Dublin chama a atenção para o facto de voltar a colocar obstáculos e controles na fronteira com o Ulster poder arriscar a destruição do acordo de paz de 1998, que pôs termo a 30 anos de violência naquele território, opondo protestantes e católicos.

O governo britânico insiste em que uma solução para a “fronteira irlandesa” só poderá concretizar-se na segunda fase das negociações, quando se tratar do futuro relacionamento comercial.

Este é um problema muito difícil de resolver. Aliás, já se sabia que as negociações do Brexit seriam extremamente complicadas. Aumentam, assim, as probabilidades de o Reino Unido sair da UE sem qualquer acordo. O que seria péssimo para ambas as partes, embora mais penalizador para os britânicos.

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