Portugueses vivem cada vez mais, mas com menos qualidade
23-09-2017 - 15:57
 • Marina Pimentel

A Estratégia Nacional para o Envelhecimento Seguro e Saudável 2017-2025 foi o tema em debate no programa "Em Nome da Lei".

Os portugueses vivem cada vez mais anos, mas com pouca saúde. Portugal tem uma taxa de longevidade que compara bem com a média europeia, mas o problema é quando se avalia a qualidade de vida.

José Pereira Miguel, coordenador do grupo de trabalho que entregou esta semana ao governo a Estratégia Nacional para o Envelhecimento Seguro e Saudável 2017-2025, defende que é preciso “promover junto dos mais velhos estilos de vida mais saudáveis”. Mas há muito a mudar também no Sistema Nacional de Saúde (SNS).

Entre as medidas propostas na Estratégia Nacional, está a criação de um sistema de vigilância da saúde das pessoas idosas e o atendimento diferenciado nas urgências.

O presidente do Murpi, Casimiro Menezes, médico reformado, concorda que há muito a mudar no Serviço Nacional de Saúde, desde logo nos centros de saúde.

Casimiro Menezes defende também que é preciso apostar “numa boa rede de cuidados continuados” porque a resposta não pode estar só nos hospitais.

Na mesma linha, a responsável da Santa Casa da Misericórdia pela Direcção de Intervenção de Proximidade, Etelvina Ferreira, põe a tónica na necessidade de apoiar os cuidadores informais dos idosos que são dependentes. A mesma responsável defende que é preciso reinventar respostas ao nível dos centros de dia. Outro problema que não é ignorado pela Estratégia Nacional para o Envelhecimento Activo e Saudável 2017-2015 é o da violência sobre os idosos: física, psicológica e financeira.

No domínio financeiro, Portugal bate todos os recordes. Mais de 40 % dos idosos revelam que já foram obrigados a abdicar do património ou do dinheiro, de acordo com um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

O coordenador da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025 acredita que “ que não será mais um papel para ficar na gaveta” porque “foi uma encomenda directa do governo” e porque existe uma forte pressão social para que o problema demográfico seja encarado de frente. Portugal é o quarto país mais envelhecido da União Europeia. Mais de 20 por cento da população está acima dos 65 anos.

Nas próximas décadas a tendência vai agravar-se. Até 2080, a percentagem de residentes com mais de 65 anos passará dos 2,1 para os 2,8 milhões.