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Paulo Morais

Cortes não devem castigar os mais desprotegidos

11 mar, 2013

O Estado português tem de reduzir a sua despesa anual em quatro mil milhões de euros. Este será um bom objetivo.

Mas é bom que as poupanças não castiguem, outra vez, os mais desprotegidos. Não venham cá cortar mais na saúde, na educação ou na segurança social, antes de reduzirem os privilégios dos grupos económicos que vivem sempre pendurados no Orçamento de Estado.

Comecem pois por baixar a sério os custos das parcerias público-privadas rodoviárias, em, pelo menos, mil milhões de euros.

Negoceiem agora a sério. Em alternativa, expropriem as infra-estruturas pelo seu justo valor. Haja ainda a coragem de estancar a sangria dos juros da dívida pública. Estes representam hoje a maior despesa do Estado, que poderia assim poupar bem mais de dois mil milhões de euros.

Poupem ainda vários milhões nas rendas imobiliárias de favor que o Estado paga, a começar no Campus de Justiça de Lisboa e a acabar na mais pequena repartição de província.Enquanto não mexer nestes privilégios, o Governo não tem legitimidade para sequer falar de quaisquer cortes na área social.