Alta pressão

O banqueiro José Maria Espírito Santo Ricciardi resolveu tirar satisfações junto do ministro Miguel Relvas sobre a privatização da EDP e telefonou-lhe, dando-lhe um raspanete.

Segundo veio relatar, estava preocupado com o facto de o Governo português ir ceder às pressões dos alemães no processo de venda das acções que o Estado detinha na eléctrica.

Ao vir contar este episódio em público, o senhor Ricciardi vem levantar a suspeita de que o Governo português é sujeito a pressões e que a escolha do candidato ganhador no processo de privatização não teria obedecido a critérios objectivos.

Se calhar, lá terá as suas razões. Mas, curiosamente, até foram exactamente os chineses que o senhor Ricciardi assessorou que ganharam o concurso.

A fazer fé na tese do senhor Ricciardi, de que o Governo é pressionável, então os chineses terão ganho o concurso porque os ministros terão cedido a pressões. Mas de quem? Justamente dos seus ajudantes Ricciardi e Banco Espírito Santo.

Em suma, a pressão dos alemães seria má; mas a do BES, essa já seria a adequada, ou seja, alta pressão.