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Paulo Morais

Medidas paliativas

02 abr, 2012

As instituições não irão seguramente recuperar para o trabalho os beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) (não é essa a sua função) e irão apenas receber no seu seio mais problemas.

Medidas paliativas

O Governo quer pôr os beneficiários do rendimento mínimo a trabalhar. À partida parece uma boa ideia. Até porque há muito meliante a receber o rendimento mínimo. E o trabalho irá seguramente afastar a maioria dos parasitas. Mas o anúncio de que muitos destes malandros vão trabalhar para instituições de solidariedade é que pode ser preocupante.

Não tranquiliza pais que têm filhos em infantários ou filhos que têm pais em lares de idosos saber que alguns serviços passarão a ser assegurados por pessoal indiferenciado e sem qualificações, e sobretudo sem vontade de trabalhar.

Em período de crise, alguns irão decerto substituir até postos de trabalho. Esta poupança irá dar maus resultados porque vem diminuir as competências técnicas das instituições. Significa mesmo um retrocesso ao fim de tantos anos de esforço na qualificação de ofertas no sector solidário.

As instituições não irão seguramente recuperar para o trabalho os beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) (não é essa a sua função) e irão apenas receber no seu seio mais problemas.

Esta medida vai ser mais um paliativo cujo objectivo é disfarçar, e mal, a incompetência da Segurança Social e do Instituto de Emprego. E revela falta de coragem, porque o RSI só tem uma solução adequada. Se não insere ninguém, deve pura e simplesmente ser extinto!