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Paulo Morais

Promessas por cumprir

09 jan, 2012 • Paulo Morais

Os candidatos a primeiro-ministro que venceram as últimas três eleições legislativas tinham prometido, durante a campanha, não aumentar os impostos. Mas não tardaram a fazê-lo, mal se instalaram na cadeira do poder.

Promessas por cumprir
Durão Barroso iniciou esta triste prática. Tinha prometido um choque fiscal e uma forte redução de impostos. Mas, então, alegando que o país estava “de tanga”, agravou a carga fiscal.

Logo a seguir veio Sócrates, que assumiu os mesmíssimos compromissos, mas também não tardou a falhar, justificando-se na altura com a conversa do "défice descontrolado" descoberto por Vítor Constâncio.

E bem recentemente, já Passos Coelho, que tinha prometido não aumentar impostos e, ainda mal aqueceu o lugar, já o fez, com base num eventual “buraco colossal” de que ninguém houvera dado conta.

Prometendo em campanha uma política fiscal e fazendo no poder exactamente o seu contrário, os políticos desacreditaram a democracia.
A democracia deve ser um regime onde se contrapõe alternativas e em que se espera que se implementem as propostas daqueles que vencem nas urnas.

O incumprimento sistemático de tanta promessa eleitoral irá acabar por destruir um regime que, nascendo dum belo sonho de democracia, se está progressivamente a transformar na sua forma mais degradada: a mais primária demagogia.