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Paulo Morais

Conclusões da greve

28 nov, 2011

Da greve geral da última semana, deverão retirar-se duas conclusões...

Conclusões da greve

A primeira é a de que os portugueses estão claramente descontentes com a situação do país e manifestam-se, mas já nem sabem exactamente contra quem. Na greve geral anterior, a de 2010, as manifestações tinham um alvo, José Sócrates e o poder que se tinha instalado à sua volta.

A greve pedia então a dissolução daquele esquema de poder, como efectivamente veio a acontecer, com a queda do governo de então. Já pelo contrário, na greve da semana passada, as pessoas manifestaram o seu descontentamento, e algumas até o seu desespero, mas os grevistas e manifestantes sabem que não há qualquer alternativa ao governo em funções. Pelo que estão talvez à espera de algo mais do que a mudança de governo, quem sabe se a mudança de todo este sistema político que está completamente decrépito.

A segunda conclusão, é a de que assistimos pela primeira vez a manifestações inorgânicas, distintas das tradicionais acções sindicais. É o movimento dos indignados que veio para ficar. Esperemos que com a sua frescura, que é de saudar, não chegue também a violência que tem sido comum por outras paragens europeias. A destruição das repartições de finanças em Lisboa e o rebentamento de cocktails Molotov, não é, para já, um bom prenúncio.