23 mai, 2011
Este imenso grupo de portugueses que já não acredita na política tem vindo a crescer de eleição para eleição, tem oscilado o seu comportamento entre a abstenção, o voto em branco ou nulo e o apoio a candidaturas como a de Manuel Alegre ou, mais recentemente, de Fernando Nobre.
Se quiserem captar estes eleitores, os líderes partidários terão de trazer para a praça pública temas que têm andado arredados da discussão política.
Estes eleitores querem ver na agenda política, entre outros temas, o combate à corrupção, com a apresentação de medidas eficazes no que respeita ao funcionamento da justiça. Querem ouvir os partidos defender o fim da promiscuidade entre política e os negócios. Querem ter a garantia de que um futuro governo se preocupará com a defesa dos consumidores, em particular com os que estão reféns dos créditos fáceis e agiotas.
No fundo, querem ver discutidos na campanha os temas que mais comprometem os políticos. Mas estes, querendo o voto dos indecisos, estão eles próprios indecisos face aos riscos de abordar estes assuntos.
A diferença é que a indecisão dos eleitores resulta da falta de alternativas, enquanto a indecisão dos políticos resulta da falta de coragem.
Paulo Morais