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Opinião de Paulo Morais

Os indecisos

23 mai, 2011

Estamos a menos de quinze dias das eleições e é ainda enorme a percentagem de indecisos. Indecisos que não sabem em quem vão votar, mas sobretudo indecisos que nem sabem se irão votar.

Este imenso grupo de portugueses que já não acredita na política tem vindo a crescer de eleição para eleição, tem oscilado o seu comportamento entre a abstenção, o voto em branco ou nulo e o apoio a candidaturas como a de Manuel Alegre ou, mais recentemente, de Fernando Nobre.

Se quiserem captar estes eleitores, os líderes partidários terão de trazer para a praça pública temas que têm andado arredados da discussão política.

Estes eleitores querem ver na agenda política, entre outros temas, o combate à corrupção, com a apresentação de medidas eficazes no que respeita ao funcionamento da justiça. Querem ouvir os partidos defender o fim da promiscuidade entre política e os negócios. Querem ter a garantia de que um futuro governo se preocupará com a defesa dos consumidores, em particular com os que estão reféns dos créditos fáceis e agiotas.

No fundo, querem ver discutidos na campanha os temas que mais comprometem os políticos. Mas estes, querendo o voto dos indecisos, estão eles próprios indecisos face aos riscos de abordar estes assuntos.

A diferença é que a indecisão dos eleitores resulta da falta de alternativas, enquanto a indecisão dos políticos resulta da falta de coragem.

Paulo Morais