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Raquel Abecasis

É preciso mostrar diferenças

25 jun, 2012 • Raquel Abecasis

Ao longo deste ano, o Governo alegou desconhecimento da realidade para faltar a promessas eleitorais, nomeou amigos para as principais empresas a privatizar e tem visto um dos seus mais influentes ministros ligado a um caso de contornos obscuros.

É preciso mostrar diferenças
Um ano depois de tomar posse, o Governo enfrenta hoje a sua primeira moção de censura. É um episódio político com poucas consequências, numa altura em que os portugueses continuam a sofrer os males da austeridade e têm um futuro muito incerto à sua frente.

Embora esta seja a realidade do momento, é bom que o Governo e, particularmente, o primeiro-ministro comece a abrir os olhos, porque a paciência dos portugueses não é eterna e, sobretudo, numa altura em que se vivem muitas dificuldades, não se compadece com as doenças típicas da política portuguesa.

Lembro que, ao longo deste ano, o Governo alegou o desconhecimento da realidade para faltar a promessas eleitorais, nomeou os amigos para as principais empresas em processo de privatização e tem visto um dos seus mais influentes ministros ligado a um caso de contornos obscuros, envolvendo um ex-chefe das secretas e interesses privados.

A história repete-se de tal forma que esta legislatura também já tem o seu caso de mentiras ou inverdades contadas ao parlamento.

Tudo isto não basta para fazer o balanço de um ano de governação. É certo que o Governo tem conseguido, até agora, a difícil tarefa de honrar o compromisso assumido com a troika de forma exemplar.

O país pergunta-se hoje se o esforço vai valer a pena. A resposta não depende, no essencial, do Governo, mas é importante que Passos Coelho mantenha a sua credibilidade intacta para enfrentar futuras tempestades.

Não mostrar a diferença em relação às piores práticas do passado é um factor que vai acabar por descredibilizar também o chefe do Governo.