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Raquel Abecasis

IPSS, o lado bom da crise

06 mar, 2015 • Raquel Abecasis

Quando somos postos à prova, o que sobrevive é o que é bom e sólido. Esta foi a prova de vida que as IPSS nos deram ao longo destes anos.

As instituições particulares de solidariedade social (IPSS) foram sempre olhadas em Portugal como um parente “caridoso” do país que, para dar uma ajuda aos “pobrezinhos coitadinhos”, precisava de recorrer aos dinheiros do estado. Eram, portanto, instituições parasitas, que deviam ser substituídas por serviços do Estado profissionais.

Esta foi a mistificação que a crise veio matar e enterrar. Na hora de enfrentar as dificuldades, as IPSS mostraram o que valem e hoje é claro para toda a gente aquilo que diz o secretário de Estado da Segurança Social: "Não vivemos no nosso país uma crise social com a dimensão, por exemplo, que outros países tiveram. E isso só foi possível, em boa parte, devido à actuação no terreno desses milhares de instituições do sector social, que serviram de amortecedor à crise."

A crise trouxe, portanto, respeito ao trabalho destas instituições, não só por existirem, mas porque as dificuldades provaram que este não é um trabalho para amadores: é um trabalho em que o profissionalismo faz toda a diferença e o que a sociedade sabe fazer bem não é replicável por qualquer instituição do Estado cheia de regras e regulamentos.

É sempre assim. Quando somos postos à prova, o que sobrevive é o que é bom e sólido. Esta foi a prova de vida que as IPSS nos deram ao longo destes anos.

Mostraram não só que são bons, como que compensa que o Estado lhes entregue os recursos para fazerem bem e com menos custos aquilo que o Estado não sabe fazer. Os cuidados continuados tão necessários numa sociedade envelhecida como a nossa são disso um bom exemplo.

Já agora, vale a pena dizer que o terceiro sector se mostrou também um dos sectores mais dinâmicos na nossa economia em crise, mostrando também que tem potencial de crescimento, de gerar riqueza e postos de trabalho e, porque não, de ser um sector com alto potencial de exportação. Basta olhar para países como Espanha e Grécia para perceber como neste capítulo temos "know how" para dar e vender.

Para um sector que era visto como parasita não está mal.