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Raquel Abecasis

Não é a economia, estúpido!

29 jan, 2015 • Raquel Abecasis

Antes de tomar decisões drásticas e irreflectidas, os líderes europeus deviam estudar um pouco de história, olhar para os antecedentes da Grécia e para a sua posição geoestratégica. É só um conselho.

As primeiras horas de exercício do novo poder na Grécia já demonstraram que Tsipras não está para brincadeiras, quer cumprir as promessas feitas em campanha, numa atitude de provocação ao poder instalado na União Europeia – leia-se Alemanha -, deixando também no ar a ideia de que se as coisas correrem mal a Grécia tem outras alianças ao seu dispor.

É evidente que as coisas assim colocadas (ainda por cima, com declarações incendiárias como a do novo ministro das Finanças, que disse, em entrevista a um jornal francês: “faça o que fizer, diga o que disser, no fim a Alemanha paga na mesma”) não facilitam uma posição diplomática, nem auguram negociações fáceis.

Mas em tempo de guerra não se limpam armas e os tempos são de “guerra”. A ideia de que a UE está preparada para uma saída da Grécia peca por falta de bom senso. Basta olhar para os acontecimentos dos últimos dias para o perceber.

O critério económico não é o único, nem provavelmente o mais importante. Não é por acaso que nos últimos dias recrudesceu a atitude bélica da Rússia na Ucrânia, ao mesmo tempo que a Grécia vai avisando que não concorda com o aumento de sanções a Moscovo.

Dir-se-á que a Rússia não está em posição de valer à Grécia, mas parece-me que na hora da verdade esse será o menor dos problemas de Putin e Tsipras, até porque no globo há outros candidatos a juntar forças.

Antes de tomar decisões drásticas e irreflectidas, os líderes europeus deviam estudar um pouco de história, olhar para os antecedentes da Grécia e para a sua posição geoestratégica. É só um conselho.