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Raquel Abecasis

Cartão de boas festas aos trabalhadores da TAP

18 dez, 2014 • Raquel Abecasis

Em democracia todas as greves são legítimas, mas nem todas são morais e esta é mesmo imoral pelas consequências que tem e pela razão invocada que torna qualquer negociação impossível.

Desejo um bom natal aos trabalhadores da TAP, recomendando-lhes que se lembrem, quando estiverem com as suas famílias, que há milhares de portugueses que não podem este ano fazer o mesmo graças à greve que tencionam fazer.

O Governo promete decretar a requisição civil caso não sejam cumpridos os serviços mínimos, mas isso não altera o facto de já pelo menos 25 mil pessoas terem desmarcado as suas viagens.

É por isso que os meus votos de boas festas se estendem à passagem do ano. Quando estiverem no réveillon, peço a todos os trabalhadores da TAP que vão fazer greve que pensem que provavelmente o seu desejo de impedir a privatização da empresa pode bem realizar-se, mas virá acompanhado do desemprego de alguns.

Ao menos assim os trabalhadores da TAP ficam solidários com muita gente ligada ao turismo que, por causa desta paralisação acabou por perder o trabalho – pelo menos ocasional – com que contava para sobreviver. Mas isto é pouco importante para quem está a lutar pelos seus direitos, ou seja, a querer impedir a privatização de uma empresa.

Em democracia todas as greves são legítimas, mas nem todas são morais e esta é mesmo imoral pelas consequências que tem e pela razão invocada que torna qualquer negociação impossível.

São os sindicatos que temos, também responsáveis por em Portugal o mundo do trabalho ser tão maltratado. Noutros países, em que governos e sindicatos assumem posições mais responsáveis, tem sido possível salvar empresas e postos de trabalho.