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Francisco Sarsfield Cabral

China: O factor político

26 ago, 2015

O governo chinês incentivou os governos locais a investirem em infraestruturas, criando um enorme dívida, e lidou mal com a crise da bolsa.

O abrandamento da economia chinesa era inevitável – não seria possível crescer indefinidamente a taxas anuais superiores a 10%. Mas há dúvidas sobre a capacidade da China fazer a transição de uma economia baseada na exportação (com baixos salários, que entretanto foram subindo) para um modelo mais voltado para o consumo interno.

Algumas dessas dúvidas têm a ver com o poder político chinês – a ditadura do partido dito comunista, que se tornou mais dura e mais centralizadora com o actual presidente Xi Jinping.

O governo chinês incentivou os governos locais a investirem em infraestruturas, criando um enorme dívida. E lidou mal com a crise da bolsa, dando ordens contraditórias às empresas do Estado, bem como com a desvalorização da moeda.

O capitalismo de Estado na China funcionou de forma espectacular numa primeira fase, depois de Deng Xiao Ping ter aberto as portas do mercado, com limites.

Mas a opacidade da política chinesa não suscita confiança nos consumidores e nos investidores, chineses e estrangeiros. Será necessária uma abertura política na China, depois da abertura económica.