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Francisco Sarsfield Cabral

Pedagogia política

18 mai, 2015

A pedagogia do actual governo deixou muito a desejar. Porquê? Talvez porque não houve uma adequada coordenação política.

O primeiro-ministro deu uma longa entrevista ao "Sol" (declaração de interesses: sou colunista deste semanário). Uma entrevista serena, pouco propagandística e sobretudo pedagógica.

Passos Coelho, bem como Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, têm boa capacidade de comunicação e fazem-se entender pelo cidadão comum, mesmo em matérias económico-financeiras complicadas.

Só que, apesar de tais trunfos, a pedagogia do actual governo deixou muito a desejar. Porquê? Talvez porque não houve uma adequada coordenação política.

Perante um determinado problema, não raro surgiam respostas diferentes de vários governantes. E certamente também porque a situação aflitiva em que o país se encontrava não era propícia a que o governo se preocupasse prioritariamente com explicar ao país as medidas que tomava, ou até tivesse tempo para isso - além de atribuir a responsabilidade da quase bancarrota ao Governo de Sócrates.

Assim, ficou na cabeça de muita gente a falsa ideia de que eram impostos sacrifícios aos portugueses por uma espécie de sadismo governamental.