A cultura empresarial do BPI que elogiei em Março parece, afinal, ter-se perdido.
A 5 de Março elogiei a cultura empresarial do BPI. E exprimi o desejo de que essa cultura não se perdesse, uma vez ultrapassada a fase de incerteza que o banco atravessa. Infelizmente, ainda antes de clarificado o futuro do BPI, tal cultura parece já ter mudado.
Refiro-me ao facto de os altos dirigentes do BPI (Conselho de Administração, Comissão Executiva e Conselho Fiscal) terem recebido agora os montantes remuneratórios cortados durante o período (2012-2014) como condição da já paga ajuda pública ao BPI para reforço da sua capitalização. Tudo legal e transparente; e é dinheiro privado. Os reembolsos foram propostos pela Comissão de Remunerações do BPI e aprovados em Assembleia Geral.
Mas, como escreveu Sílvia de Oliveira no “Diário de Notícias”, ficaria bem a “Fernando Ulrich, o banqueiro do ‘aguenta, aguenta’, dar um sinal de que também ele e os seus colegas da administração aguentaram um pouco mais nesta crise”. Até porque o BPI teve entretanto prejuízos.
Afinal, mesmo com cortes (agora devolvidos), eles ganharam muitíssimo mais do que milhões de portugueses que não tiveram qualquer reembolso. Faltou responsabilidade social.