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Francisco Sarsfield Cabral

Israel e a democracia

19 mar, 2015

Os árabes que são cidadãos de Israel já valem 15% dos eleitores do país. E como a sua taxa de natalidade é muito superior à dos judeus, a prazo Israel vai ter um problema: como manter a democracia no país com eventuais maiorias árabes?

Na véspera de ganhar as eleições em Israel, Netanyahu declarou-se contrário à existência de um Estado palestiniano. O que, naturalmente, reduz a zero as perspectivas de paz entre israelitas e palestinianos nos anos mais próximos. Mas não foi uma surpresa: a política de multiplicar colonatos judaicos em território palestiniano, que Netanyahu promove contra a opinião dos Estados Unidos, já havia inviabilizado, na prática, a hipótese de dois Estados na região.

Prosseguirá, assim, a posição israelita de “orgulhosamente sós”.

Só que os árabes que são cidadãos de Israel já valem 15% dos eleitores do país. E como a taxa de natalidade dos árabes é muito superior à dos judeus, a prazo Israel vai ter um problema: como manter a democracia no país com eventuais maiorias árabes?

O facto de em Israel funcionar uma democracia é um dos seus trunfos morais e políticos. Trunfo que perderá força se os israelitas de confissão ou raça judaica vierem a prevalecer na lei sobre os israelitas árabes, cidadãos de segunda.

Há partidos em Israel que querem ir por aí. Seria um novo “apartheid”.