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Francisco Sarsfield Cabral

A cultura do BPI

05 mar, 2015 • Francisco Sarsfield Cabral

Honestidade e competência, evitando escândalos que afectaram outros bancos, tem sido cultura do BPI. Mas dificilmente poderá continuar isolado.

Em Outubro de 1981 surgia em Portugal a primeira instituição financeira privada desde as nacionalizações de 1975: a Sociedade Portuguesa de Investimentos. Uma iniciativa de Artur Santos Silva (ASS), um homem pessoal e familiarmente ligado ao Porto.

Para criar a SPI, que em 1985 se transformou em banco (o BPI), ASS abdicou dos lugares de topo que havia desempenhado em Lisboa (secretário de Estado do Tesouro e vice-governador do Banco de Portugal) e regressou ao Porto. Algo pouco frequente então e ainda hoje.

ASS instalou no BPI uma cultura empresarial própria, que até hoje se manteve. Uma cultura de honestidade e competência, evitando ao BPI escândalos que afectaram outros bancos.

O último e o mais grave desses escândalos foi o do BES-GES. Curiosamente, em 2000, o BPI acordou uma fusão com o BES, fusão felizmente abortada, em boa parte porque as culturas das duas instituições eram muito diferentes.

A dimensão do BPI dificilmente lhe permitiria continuar isolado. Várias hipóteses se colocam agora, mas o mais importante é que não se dissolva a cultura empresarial do BPI.