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Francisco Sarsfield Cabral

Factores de intransigência

18 fev, 2015

Tendo prometido o fim da austeridade, o governo de Tsipras é cada vez mais popular na Grécia. Parece que isso lhe chega, ainda que possa levar o país a uma austeridade bem pior do que a actual.

No domingo, nas eleições em Hamburgo, a CDU (partido de Merkel) perdeu votos e subiu o partido anti-euro. Mais um motivo para a Alemanha não ceder à Grécia na reunião do Eurogrupo de segunda-feira.

Mas não foi só Berlim a não recuar: foram todos os outros membros do Eurogrupo. Países como a Irlanda ou a Áustria, que antes tinham tido palavras simpáticas para o novo governo grego, mostraram-se intransigentes quanto à Grécia cumprir os compromissos assumidos.

Do lado da Grécia, não é de excluir a hipótese de o Syriza sempre ter querido sair do euro, mas atribuindo a “culpa” à Alemanha. Como compreender, de outro modo, as medidas que o novo governo logo tomou unilateralmente, antes de iniciada qualquer negociação? Ou a inédita transmissão aos jornalistas de um documento confidencial, com anotações iradas do ministro grego das Finanças, o que fez abortar a reunião do Eurogrupo?

Tendo prometido o fim da austeridade, o governo de Tsipras é cada vez mais popular na Grécia. Parece que isso lhe chega, ainda que possa levar o país a uma austeridade bem pior do que a actual.