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Francisco Sarsfield Cabral

Manuel de Lucena

11 fev, 2015

Em diversos textos evocativos de Manuel de Lucena foi justamente salientada a originalidade do seu pensamento e sobretudo a sua total liberdade. Acrescento duas outras qualidades: a honestidade intelectual e a sua frugalidade.

É difícil escrever sobre um amigo próximo. Por isso só hoje escrevo sobre Manuel de Lucena, que morreu no dia em que fazia 77 anos.

A nossa amizade começou no final de 1956, na Faculdade de Direito de Lisboa e nunca foi interrompida, mesmo durante os 11 anos de exílio do Manuel, por razões políticas.

Muita gente deu-se conta, agora, que se tratava de uma personalidade excepcional. Mas com pouca visibilidade – apenas aquela que lhe deram os seus livros de ciência política, as suas traduções, os seus artigos em jornais e revistas e a participação no programa da Renascença “Com Sal e Pimenta”, que eu moderava.

Em diversos textos evocativos de Manuel de Lucena foi justamente salientada a originalidade do seu pensamento e sobretudo a sua total liberdade. Acrescento duas outras qualidades: a honestidade intelectual do Manuel (que o levava, por exemplo, a deslocações a terras do interior para confirmar dados sobre a extinção dos grémios da lavoura). E a sua frugalidade – era um autêntico “franciscano”, alheio a bens materiais e a toda a espécie de vaidades e honrarias. Um exemplo de vida.