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Francisco Sarsfield Cabral

A base das Lajes acaba mal

03 fev, 2015

Tudo isto merecia de Washington mais respeito pelo aliado Portugal. Mas não desculpa a falta de planeamento nacional para a previsível retirada de centenas de americanos das Lajes.

As autoridades portuguesas foram surpreendidas pela decisão de Barack Obama de reduzir drasticamente a base militar na Ilha Terceira. Mas há muito que se sabia que essa base perdia valor estratégico à medida que o tempo e a tecnologia avançavam.

Quando, durante a II Guerra Mundial, Salazar a cedeu, primeiro aos britânicos e depois aos americanos, a base foi decisiva no combate aos submarinos alemães.

Depois, nas várias guerras israelo-árabes as Lajes facilitaram o apoio da aviação americana a Israel. Na guerra de 1973 Kissinger forçou Marcelo Caetano a autorizar a passagem e o reabastecimento dos aviões americanos, o que nos custou um embargo petrolífero. Aliás, já durante a II Guerra Mundial Churchill encarou a tomada da ilha Terceira pela força, caso Salazar não cedesse.

E pelas Lajes terão passado, mais ou menos clandestinamente, aviões dos EUA transportando prisioneiros acusados de terrorismo, mas não julgados.

Tudo isto merecia de Washington mais respeito pelo aliado Portugal. Mas não desculpa a falta de planeamento nacional para a previsível retirada de centenas de americanos das Lajes.