O escândalo do TGV

O Tribunal de Contas revelou esta semana que o projecto do TGV custou aos contribuintes portugueses mais de 150 milhões de euros, apesar de nunca ter saído do papel.

Pior do que isso, se fosse concretizada, a operação do TGV na linha Madrid-Lisboa custaria uma fortuna aos portugueses – qualquer coisa como 11,6 mil milhões de euros.

Mas as concessionárias gozariam de estabilidade nos preços a pagar pela utilização da infra-estrutura financiada pelo Estado. Como de costume, infelizmente, noutras parcerias público-privadas, os riscos recairiam sobre o Estado (no caso, sobre as empresas públicas CP e Refer).

Como foi possível que sucessivos governos tenham avançado para esta loucura (travada em 2012 por Passos Coelho) sem uma avaliação séria de custos-benefícios? Deveria ser o mínimo exigível a quem gasta o nosso dinheiro.

Julgo que essa avaliação não foi feita porque tornaria evidente e irrefutável o desastre para as contas públicas. E assim inviabilizaria chorudos ganhos de quem lucraria com a obra. Se isto não é corrupção, não sei o que seja. Mas parece que quase ninguém se indigna.