Tempo
|

Francisco Sarsfield Cabral

O euro de novo em perigo

30 dez, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Nos últimos cinco anos quase nada se avançou na reforma da arquitectura da moeda única. Manteve-se a insistência alemã na austeridade.

Cinco anos depois de ter iniciado a “crise das dívidas soberanas”, a Grécia fez regressar essa crise à estaca zero. Não tendo o parlamento grego conseguido eleger um novo Presidente da República, haverá ali eleições gerais. O Syriza, partido da esquerda anti-austeridade, vai à frente nas sondagens. Embora este partido diga agora querer manter a Grécia no euro, não se está a ver como. A Grécia nem sequer fechou ainda com a troika o programa de ajustamento.

Os investidores fogem naturalmente da Grécia. E, por contágio, sobem os juros para emprestarem aos países periféricos da zona euro, incluindo Portugal. Nos últimos cinco anos quase nada se avançou na reforma da arquitectura da moeda única. Manteve-se a insistência alemã na austeridade. Os balões de oxigénio lançados pelo Banco Central Europeu ganharam tempo, que não foi aproveitado pelos governos para mudar o que era preciso. Nesta altura, o governador do BCE nem sequer consegue lançar novos balões com algum efeito.

Estamos, assim, à beira de uma crise séria na moeda única, extensiva à própria UE. Não é nada bom para Portugal.