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Francisco Sarsfield Cabral

A “troika” e Portugal

24 dez, 2014

Dá a impressão de que os membros da “troika” não só não eram grandes economistas como conheciam mal o nosso país.

As críticas da Comissão Europeia ao Governo português quanto ao programa de ajustamento mostram, antes de mais, que - contra o que foi dito vezes sem conta – os actuais governantes não se limitavam a obedecer cegamente à “troika”.

Algumas das críticas da Comissão são certeiras, como a travagem nas reformas e na redução estrutural do défice das contas públicas. Mas depois de três anos do programa só agora, com ele terminado, vem a Comissão reconhecer implicitamente que faltou a reforma do Estado. Outras críticas parecem ideológicas, como a discordância da subida do salário mínimo.

E não devemos esquecer os falhanços da própria “troika”, ignorados neste relatório – desde nada ter descoberto no BES até à surpresa quando à brutal subida do desemprego e, também, quanto à sua recente descida. 

Dá a impressão de que os membros da “troika” não só não eram grandes economistas como conheciam mal o nosso país. Por isso agora têm que se mostrar severamente críticos. É o desconto que devemos dar ao último relatório da Comissão Europeia.