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Francisco Sarsfield Cabral

Tempestade na Rússia

18 dez, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

A dívida pública russa a dez anos tem um juro superior a 15%. E o banco central russo admite uma queda do PIB no próximo ano de quase 5%.

O banco central da Rússia subiu a sua taxa directora para 17%, na tentativa de travar a queda do rublo, cujo valor cambial caiu para cerca de metade este ano. Mas a medida foi vista como um acto de desespero, depois de terem falhado as intervenções de compra de rublos no mercado pelo banco central. Por isso a divisa russa desvalorizou mais.

As reservas cambiais da Rússia são elevadas, evitando talvez que o país repita agora a bancarrota provocada em 1998 pela queda do rublo. Mas a inflação aproxima-se dos 10% e as sanções europeias e americanas impedem as empresas russas de se financiarem no exterior. A dívida pública russa a dez anos tem um juro superior a 15%. E o banco central russo admite uma queda do PIB no próximo ano de quase 5%, se forem mantidas as sanções e o preço do petróleo não recuperar.

Não surpreende, assim, que as sondagens mostrem ter-se desvanecido o apoio popular às manobras de Putin na Ucrânia. Como é hábito na falta de melhor motivo, Putin atribui estes dissabores à especulação.