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Francisco Sarsfield Cabral

Críticas incoerentes

10 nov, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Passos Coelho é um submisso discípulo de Merkel e de outros poderes internacionais ou, agora que já não tem que negociar com a troika, põe em risco o país ao tomar as decisões que entende?

Praticamente desde que iniciou funções, o governo de Passos Coelho foi todos os dias criticado pelas oposições e por muitos comentadores por alegadamente se submeter às imposições da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional – a troika. Soube-se, entretanto, que o Governo nem sempre aceitou tudo o que a troika queria e até renegociou prazos de pagamento de dívidas. Mas ficou essa ideia de submissão.

Curiosamente, várias dessas vozes críticas dizem agora que Passos Coelho não pode ignorar aquelas organizações, quando elas colocam reservas à proposta de Orçamento e a outras medidas. O FMI, por exemplo, está contra a subida do salário mínimo.

Em que ficamos, afinal? Passos Coelho é um submisso discípulo de Merkel e de outros poderes internacionais; ou, pelo contrário, o primeiro-ministro, agora que já não tem que negociar com a troika, põe em risco o país ao tomar as decisões que entende? Em democracia a crítica é livre e pode ser útil, claro, mas conviria ter alguma coerência.