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Francisco Sarsfield Cabral

Limitar as fantasias

27 out, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Ameaçar não pagar a dívida é um tipo de tolice irresponsável frequente em políticos que não têm a obrigação de governar.

Há três anos o deputado socialista Pedro Nuno Santos, criticando a austeridade do memorando da troika (negociado pelo governo do PS), proclamava estar-se a “marimbar” para os credores. E aconselhava usar o que chamou a bomba atómica: ou os credores “se põem finos ou nós não pagamos a dívida”. Esqueceu-se de explicar como pagaria o Estado salários e pensões sem mais crédito externo. Mas este tipo de tolices irresponsáveis são frequentes em políticos que não têm a obrigação de governar.

Em Março passado surgiu o “Manifesto dos 74”, subscrito por gente da extrema-esquerda até à direita adversária de Passos Coelho. Aí considerava-se imprescindível a reestruturação da dívida pública acima de 60% do PIB (mais de metade, portanto) e a extensão a 40 anos do prazo para a pagar.

Está agora em debate no Parlamento a renegociação da dívida. Mas o assunto já não interessa ao PS, que deixou de falar em reestruturação. A. Costa diz que só no quadro europeu se deve colocar a questão. A perspectiva de daqui a um ano ser governo leva o PS a limitar as fantasias.