Emissão Renascença | Ouvir Online

Francisco Sarsfield Cabral

Riscos eleitorais

30 set, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Com a chegada da crise as famílias voltaram a poupar, algo que o Estado foi incapaz de fazer em escala significativa.

“Mesmo com cheiro eleitoral, não vamos adiar o país um ano”, disse o Presidente da CIP, António Saraiva, ao Diário Económico. Oxalá, mas os riscos são muitos e sérios.

Os portugueses viveram longos séculos sem protecção social. Com a restauração da democracia, o Estado Providência começou a ganhar corpo. Só que economia não proporcionou os meios para o tornar sustentável, ao mesmo tempo que passámos a julgar que o Estado trataria de nós, na doença, no desemprego, na velhice, etc. Então, os portugueses, que poupavam alguma coisa quando eram assumidamente pobres, deixaram de poupar.

Como era inevitável, veio a crise. E as famílias perceberam-na (até porque a sofreram e sofrem) e voltaram a poupar, por precaução. Algo que o Estado foi incapaz de fazer em escala significativa.

Entretanto, a recessão parece ter acabado e há agora algum crescimento económico, embora débil. O que leva as pessoas a consumirem mais. É normal e positivo, mas se os políticos lhes acenam com um próximo futuro radioso, levará a exageros. E assim o desequilíbrio das nossas contas externas regressará.