Tempo
|

Francisco Sarsfield Cabral

Uma injustiça europeia

25 ago, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

O Tratado de Schengen atribui a responsabilidade pelos imigrantes ilegais ao país onde eles primeiro chegam. Uma enorme injustiça, que deveria ser corrigida.

Aumentou muito o número de norte-africanos que tentam atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa. O que, em parte, se explica pelos conflitos sangrentos na Síria, na Líbia e no Iraque. Entre Janeiro e Julho, mais de 100 mil imigrantes ilegais atingiram a costa italiana. Milhares desembarcam em Espanha, na Grécia e em Malta.

Mas muitos outros morreram afogados no Mediterrâneo, como ainda agora aconteceu. Para evitar esta tragédia, a Itália lançou a operação Mare Nostrum, que, em 2014, já salvou mais de cem mil vidas. Esta operação custa à Itália 9 milhões de euros por mês. No ano passado, a Grécia, apesar da sua dramática situação económica, gastou 63 milhões de euros tentando travar a imigração ilegal.

A Itália pediu apoio à UE para a "Mare Nostrum". Foi-lhe negado. De facto, o Tratado de Schengen sobre a livre circulação de pessoas dentro da UE atribui a responsabilidade pelos imigrantes ilegais ao país da União onde eles primeiro chegam. Uma enorme injustiça, que deveria ser corrigida. O problema é europeu; não o tratar como tal revela a actual falta de solidariedade na UE.