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Francisco Sarsfield Cabral

A responsabilidade dos bancos

07 ago, 2014

Faz sentido que sejam os bancos a assumir o ónus das crises em que se encontram metidos, depois de anos de concessões de crédito levianas.

Depois de Setembro de 2008 os Governos evitaram um colapso financeiro salvando bancos com dinheiro dos contribuintes.

Essa ajuda pública, entre injecções de capital e concessão de garantias, valia em Portugal no fim de 2013 mais de 10% do PIB (BPN, BPP, CGD, Banif, dinheiro da troika para o BCP e BPI, etc.). Na Irlanda chegava a 30% e na Grécia a 23%.

As ajudas do Estado aos bancos tiveram também expressão significativa nos EUA, na Alemanha, na Grã-Bretanha e noutros países europeus. Daí um clamor de indignação contra usar dinheiro dos contribuintes nos bancos.

A resposta da UE a esta questão, agora a ser testada em Portugal, é colocar o ónus das perdas bancárias nos accionistas dos bancos e nos credores de risco, poupando os contribuintes. No caso do BES, poupando também todos os depositantes e alguns investidores individuais que compraram títulos do grupo Espírito Santo nas agências do banco. E com um fundo de resgate financiado pelos próprios bancos.

Depois da leviana concessão de crédito por parte de muitos bancos e da sucessão de escândalos bancários nos EUA e na Europa, faz sentido que os bancos assumam essa responsabilidade.