O país caiu na bancarrota há 12 anos. Agora, novo default, ainda por causa do anterior.
O escândalo GES/BES absorve todas as atenções. Mas o desinteresse que entre nós tem merecido o novo default (não pagamento) da Argentina também resulta de o assunto não convir aos entusiastas da reestruturação da nossa dúvida pública.
Note-se que alongar prazos de pagamento ou reduzir juros, mesmo sem perdão parcial do montante devido, representa um prejuízo para os credores. E estes não são, em geral, instituições de caridade.
A Argentina caiu na bancarrota há 12 anos; agora, novo default, ainda por causa do anterior. O governo argentino negociou em 2005 e 2010 perdões parciais com credores que detém 93% da dívida. Os restantes 7% (os tais “fundos abutres”) não aceitaram perdões.
Um tribunal americano decidiu que a Argentina não pode pagar aos que aceitaram um perdão parcial sem pagar também aos que o não aceitaram. Mas, se a Argentina pagar a 100% aos “fundos abutres”, os outros credores reclamarão tratamento igual.
Um sarilho financeiro e jurídico que alguns bancos internacionais tentam ultrapassar. Ele mostra que renegociar dívida não é tão simples como alguns procuram fazer crer.