Já havia sinais de desagregação no BE. Mas a ausência de surpresa poderá ter a ver com uma razão mais funda.
A direcção do Bloco de Esquerda disse ter reagido “sem surpresa” à saída de Ana Drago e da tendência que ela encabeçava. De facto, já antes havia sinais de desagregação no BE.
Mas a ausência de surpresa poderá ter a ver com uma razão mais funda: a extrema-esquerda, em Portugal como noutros países, sempre se fraccionou em dezenas de grupos e grupelhos, os quais se ocupam sobretudo em combaterem-se uns aos outros.
Talvez alguns leitores ainda se lembrem da quantidade de partidos “marxistas-leninistas (ML)” que apareceram antes e depois do 25 de Abril. Alguns, como o MRPP ou o POUS, ainda por aí se arrastam penosamente, sem a menor influência na vida política nacional.
Pelo contrário, os bolcheviques de Lenine conseguiram formar um grande partido soviético (mesmo assim, sofreram a dissidência de Trotsky, que acabou assassinado no México). Mas a unidade comunista, na URSS, foi durante décadas mantida à custa de uma sangrenta repressão, que com Estaline atingiu prioritariamente os próprios membros do partido.