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Francisco Sarsfield Cabral

Injustiça entre gerações

04 jul, 2014

Cada vez mais, os pensionistas são pagos por contribuições actuais de trabalhadores no activo, complementadas por dinheiro do Estado, isto é, dos contribuintes.

O simplismo dominante nas afirmações que entre nós se ouvem sobre pensões tem como resultado muita gente pensar que a sua reforma representa (ou deveria representar) a devolução das suas contribuições para a Segurança Social ao longo da vida de trabalho.

É uma ilusão: já hoje, e cada vez mais, os pensionistas são pagos por contribuições actuais de trabalhadores no activo, complementadas por dinheiro do Estado, isto é, dos contribuintes.

As coisas vão-se tornando progressivamente mais complicadas por causa do envelhecimento demográfico.

Em 2011 apenas 7% da população portuguesa tinham mais de 80 anos; em 2060 deverão representar quase um quarto da população. Ora em 2011 havia apenas 1,17 trabalhadores no activo, por pensionista, a descontar para a Segurança Social (agora há menos), o que então já não era suficiente para pagar as pensões.

Na prática, isto significa que se privilegiam pensionistas como eu próprio, mas não se acautelam as futuras pensões dos meus filhos e dos meus netos. O imediatismo da política provoca injustiça entre gerações.