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Francisco Sarsfield Cabral

Dois pesos, duas medidas

26 jun, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Recordo o que aconteceu no Dia de Portugal. Durante o discurso do Presidente da República, os apupos e os insultos não pararam. Mas, quando António Costa foi vaiado, houve vozes que se levantaram para criticar.

No passado sábado, António Costa foi vaiado em Ermesinde, ao sair de uma reunião do PS. Manuel Alegre reclamou castigo para quem vaiou. Tendo na mira este caso, bem como outros já ocorridos na luta interna dos socialistas entre António José Seguro e António Costa, a presidente do partido, Maria de Belém, reprovou incidentes deste tipo e apelou à tolerância.

Até aqui, nada a objectar. Apenas se estranha que, quando os vaiados são outros, tantos políticos com responsabilidades se mantenham em silêncio. Não falo, sequer, das manifestações organizadas pela CGTP e pelo PCP contra membros do actual governo. Também as houve contra Sócrates. Recordo o que aconteceu no Dia de Portugal, 10 Junho.

Numa cerimónia militar em que discursava o Presidente da República os apupos e os insultos não pararam. Nem sequer quando Cavaco Silva se sentiu mal e teve que ser retirado, regressando depois – com mais apupos.

Se achamos normal isto acontecer numa cerimónia militar com o Presidente da República, é incoerente indignarmo-nos com vaias a políticos em reuniões partidárias.