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Francisco Sarsfield Cabral

Um golpe na promiscuidade

23 jun, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

A proximidade ao poder político tem tradições no BES. Nos anos 1930 e 1940, Ricardo Espírito Santo Silva visitava Salazar aos sábados.

O Banco de Portugal (BP) obrigou o BES a separar-se do grupo da família Espírito Santo – na gestão do banco, na proibição deste conceder crédito às holdings da família, etc. Ao proceder assim, o BP protegeu o BES, os seus depositantes, clientes e accionistas.

O “novo ciclo” do BES marca, também, uma outra, e essencial, separação das águas: um golpe na promiscuidade entre política e negócios. A proximidade ao poder político tem tradições no BES. Nos anos 1930 e 1940, Ricardo Espírito Santo Silva visitava Salazar aos sábados.

Mais recentemente, Ricardo Salgado surgiu ligado a iniciativas do primeiro-ministro Sócrates, de quem era apoiante. Desde a tomada do BCP por próximos de Sócrates (que se concretizou, para nossa vergonha), até à falhada intervenção na TVI.

Soube-se agora que o Governo de Passos Coelho recusou a Ricardo Salgado apoiar um eventual empréstimo da CGD, a juro baixo, à família Espírito Santo. Recusa que provavelmente não aconteceria com Sócrates. E algo que se espera nunca mais seja solicitado por um empresário.