Tempo
|

Francisco Sarsfield Cabral

Um desperdício incalculável

21 mai, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Os juros baixos levaram as pessoas para o crédito bancário. No arrendamento, algumas rendas ridiculamente baixas não permitiam obras. Resultado: inúmeros prédios estão degradados e vazios. Os centros das cidades despovoados.

O novo regime do arrendamento para habitação vai ser revisto em alguns pontos. Ou seja, com o crédito para comprar casa muito mais caro e difícil, tarda o regresso ao sistema adequado a um país com o rendimento médio dos portugueses: arrendar.

Vale a pena olhar para trás e reparar no enorme prejuízo que representou para milhões de famílias e para a sociedade portuguesa em geral a falta de coragem política de sucessivos governos, desde há décadas, para resolverem de vez o problema das rendas antigas. Assim, os juros baixos levaram as pessoas para o crédito bancário.

Como muitos senhorios recebiam rendas ridiculamente baixas, não tinham dinheiro para obras. Resultado: inúmeros prédios estão degradados e vazios. Os centros das cidades despovoaram-se. E as pessoas foram atiradas para as periferias urbanas, obrigando muitas vezes à compra de carro – e a suportar diariamente engarrafamentos de trânsito, com os consequentes gastos de combustível.

Talvez os bancos tenham lucrado com esta situação. Mas o desperdício que ela trouxe ao país foi incalculável.