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Francisco Sarsfield Cabral

BCE: falar e fazer

08 abr, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

As palavras de Mario Draghi animam os mercados, mas nem sempre o presidente do BCE passa aos actos.

Mário Draghi falou em “medidas não convencionais” (leia-se: compra de dívida pelo BCE no mercado secundário) para travar a tendência para a deflação, isto é, para uma baixa de preços continuada na zona euro.

Em Espanha os preços baixaram em Março e no conjunto da zona euro subiram apenas 0,5%, depois de 0,7% em Fevereiro (a meta do BCE aponta para 2%).

As palavras de Draghi animaram os investidores, baixando os juros das dívidas soberanas dos países do Sul, incluindo Portugal. E a Espanha fez uma emissão de dívida a 5 anos a juro inferior ao pago pelos Estados Unidos. Mas, por enquanto, Draghi não passou das palavras aos actos.

Tal não foi necessário quando, em Agosto de 2012, Draghi prometeu que o BCE faria tudo para salvar o euro. A especulação contra a moeda única abrandou logo. Há semanas o próprio Governador do Bundesbank retirou as suas objecções à compra de dívida pelo BCE.

Agora o problema é a deflação. Aí, as palavras não chegam: há falta de procura na economia europeia, sendo preciso convencer muitos milhões de consumidores e empresas a gastarem mais.